Como Retornar de Forma Segura à Prática de Exercícios Físicos Após Ter COVID ?
- Blog Prof. Wellington Lunz

- 2 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
Resumo: para pacientes recuperados de COVID-19 que desejam retornar à prática de atividade física, as orientações recomendam que o retorno ao exercício aconteça após pelo menos 7 dias assintomático e siga uma progressão em 5 fases, cada uma com duração mínima de 7 dias. Leia o post para não cometer erros nesse retorno.

Autor: Leonardo Carvalho Caldas
O aumento da aptidão cardiorrespiratória, que é um dos benefícios induzidos pelo exercício físico regular, parece estar associado a um menor risco de hospitalização induzido pelo vírus Sars-CoV-2 (COVID-19).
Além disso, a atividade física regular é reconhecida por trazer diversos benefícios à saúde, como melhora da saúde cardiovascular (veja aqui e aqui), proteção contra mortalidade precoce, proteção contra a obesidade, e é a única terapia com forte recomendação para pacientes com fibromialgia, prevenção de outras doenças crônicas (ex: diabetes, hipertensão). Alguns desses efeitos estão associados ao aumento da massa muscular.
Aliás, várias das doenças crônicas são fatores de risco para agravamento da COVID-19. Portanto, a atividade física regular tem um papel importante no combate aos efeitos do COVID-19.

Antes de iniciar uma rotina de exercícios físicos é sempre importante passar por uma anamnese inicial que permita identificar e mensurar possíveis fatores de riscos e doenças pré-existentes.
Nesse post aqui há várias dicas relacionados as esses cuidados iniciais.
Isso permitirá uma prescrição segura relacionada ao tipo, intensidade, volume e progressão do exercício físico mais adequado para cada pessoa.
Uma anamnese adequada pode ser aplicada por profissionais de educação física, o qual poderá usar alguns modelos já bem estabelecidos na literatura (ex: PAR-Q, Questionário da AHA/ACSM) (ACSM, 2018).
Observações prévias a partir de pacientes que se recuperaram da COVID-19 também indicam para a necessidade de uma anamnese em todos os pacientes que se recuperaram da contaminação, incluindo aqueles fisicamente ativos.
Isso porque podem apresentar complicações potenciais de longo prazo, com sequelas importantes, como: lesões cardíacas induzida por miocardite viral, complicações respiratórias incluindo embolia pulmonar, fibrose pulmonar, prejuízos na função pulmonar com redução da capacidade de realizar exercícios por até 12 semanas após alta hospitalar, complicações psicológicas como transtorno do estresse pós-traumático, ansiedade e depressão (Al-Jahdhami et al., 2021; Gupta et al., 2020; Varatharaj et al., 2020; Mazza et al., 2020).
Salman & Cols (2021) apresentaram um guia de orientações para avaliar e orientar pacientes e profissionais quanto a prática de atividade física.
As orientações incluem anamnese para estratificação de risco e melhor direcionamento de pacientes com sequelas importantes pós COVID-19, e, posteriormente, orientações quanto à intensidade, duração e progressão do exercício físico em pacientes pós COVID-19.
Pacientes que dependem de tratamento hospitalar ou que apresentem sinais ou sintomas de doença cardíaca como dor no peito, palpitações, falta de ar grave ou síncope devem ser orientados a procurar um cardiologista para avaliação do risco da atividade física.
Pacientes com problemas respiratórios, gastrointestinais e psicológicos importantes poderão ter que buscar um especialista antes de retornar à atividade física.
O retorno a atividade física deve acontecer apenas para pacientes RECUPERADOS e ASSINTOMÁTICOS por pelo menos 7 dias, e deve seguir um retorno gradual organizado em 5 fases.
Cada fase sendo composta de pelo menos 7 dias de duração, iniciando com exercícios leves nas fases 1 a 2, intensidade moderada nas fases 3 e 4 fases, e retorno ao nível e atividade física habitual apenas na fase 5.
Abaixo seguem três importantes ilustrações:
A primeira mostra o algoritmo que deve ser contemplado na anamnese para tomada de decisão que antecede a qualquer atividade física regular;
A segunda é sobre a progressão de atividade física, contendo 5 fases de 7 dias cada;
A terceira é uma ilustração sobre a escala de percepção de esforço que deve ser usada para orientar a intensidade do esforço.



Depois desse post, eu o Prof. Wellington Lunz escrevemos um editorial na Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde sobre Como retornar de forma segura à prática de exercícios físicos após ser acometido por Covid-19?
Aproveito para divulgar o livro do Prof Wellington Lunz: Tomada de Decisão Baseada em Evidência: como julgar o nível de confiança e o grau de recomendação de artigos científicos na área das ciências da saúde.
Em tempos de desinformação massiva e de tantos falsos experts, distinguir evidências reais das falsas é tanto emancipador quanto vital. Esse livro ensina a julgar a qualidade da evidência e a força da recomendação de qualquer artigo científico da área da saúde.
O livro oferece um sistema estruturado e didático, com:

Modelo de Julgamento: um sistema quantitativo de notas (0 a 100%) em paralelo a um sistema qualitativo (muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto).
Separação Estruturada: um framework claro para avaliar o nível de evidência com base em 13 quesitos metodológicos, e o grau de recomendação com base em 9 quesitos formais.
Ferramenta Prática (Checklist/Planilha): O conteúdo está associado a uma planilha gratuita que orienta no julgamento da qualidade da evidência e na força da recomendação (e ainda serve como checklist).
Script para Inteligência Artificial: há ainda um script para a IA ChatGPT poder julgar o nível de evidência e o grau de recomendação. Embora a IA não deva substituir o julgamento humano final, ela facilita a compreensão e diminui a chance de erro humano, pois o script foi projetada para que a IA explique a razão das notas dadas a cada quesito.
E se você quiser ver o uso prático, passo a passo, da aplicação do livro, acesse o post: Polilaminina: NÃO há Evidência de Cura de Paraplégicos ou Tetraplégicos.
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Até o próximo post!

Leonardo Carvalho Caldas é Graduado, Mestre e Doutor em Educação Física pela UFES. Tem interesse em pesquisas na área do treinamento de força.




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