Câncer intestinal: relato do meu próprio caso
- Blog Prof. Wellington Lunz
- 15 de abr.
- 14 min de leitura
Atualizado: 25 de abr.

Prof. Dr. Wellington Lunz
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Como é receber o diagnóstico de um tumor no intestino ao ser uma pessoa com:
>> histórico de prática de exercícios físicos.
>> jamais fumou.
>> nunca foi obeso.
>> alimentação saudável (mestrado em Nutrição e esposa Nutricionista).
>> ingestão alcoólica apenas social (e durante a maior parte da vida não ingeriu).
>> sem parentes de primeiro grau com o mesmo tipo de tumor.
>> adulto de meia idade (46 anos).
Eis o meu caso! Um tumor retossigmoidal, ocupando 2/3 da luz do intestino, com indicativo, por 3 distintos médicos, de cirurgia para retirar o tumor (retossigmoidectomia) e reconectar as partes saudáveis (anastomose intestinal).
Vou relatar minha história e fazer recomendações, porque, como criador e divulgador de conhecimentos, ela pode te ajudar direta ou indiretamente. Vou narrar em 5 tópicos:
(1) O susto do diagnóstico
(2) (Re)Programação psicológica
(3) Preparação para a cirurgia
(4) Recuperação pós-cirúrgica
(5) Rede de apoio.
(1) O susto do diagnóstico – são ~45 mil novos casos de câncer colorretal por ano no Brasil. Fiz uma estimativa sobre a chance de um brasileiro adulto desenvolver um câncer intestinal, e deu ~0,02%.
Como pessoas com as minhas características (fisicamente ativo, magro, não fumante, boa alimentação) costumam ter pelo menos 50% menos chance de ter um câncer colorretal, estimo que minha chance seria de no máximo 0,01%. E nem estou considerando o fato de eu estar num espectro etário baixo (46 anos).
O único fator contra mim é o ‘estresse’, em especial de algumas fases mais sofridas da vida.
A pior delas certamente foi ver/conviver com uma das filhas tendo que enfrentar 10 cirurgias nos primeiros 2 anos de vida. Praticamente todas as cirurgias na coluna ou cabeça.
Costumo dizer que cirurgia é onde os ‘pais choram e os filhos não veem’.
Mas, supondo 0,01% de chance, eu fui um sorteado entre 10 mil homens adultos. Muito azar?
Bom, depende de como olhamos para o fato. A chance de ganhar na Mega-Sena é de ~1 em 50 milhões, e creio que a maioria dos brasileiros acredita que ganhará um dia. Do contrário, não apostariam na Mega-Sena.
A chance de cair durante uma viagem em um avião comercial costuma ser de ~1 em 1 milhão. E acho que as pessoas têm mais medo e acreditam ter mais chance de cair de avião do que de desenvolver um câncer intestinal.
Por outro lado, 0,01% é 500 vezes menor que os 5% que aceitamos de erro alfa para caracterizar um 'acontecimento muito improvável' na ciência.
Eu jogaria na loteria sempre que minha chance fosse de 5%. E jogaria com razoável frequência se fosse 1 em 10 mil.
Em resumo, penso que desenvolver um câncer colorretal não é algo tão improvável para desconsiderarmos. De fato, o câncer intestinal é o segundo mais frequente no Brasil.
A boa notícia, e eu já sabia disso, é que quando descoberto antes de metástase, a chance de cura é alta (>90%).
Por isso, que meu maior susto não foi pelo tumor no intestino, mas pela consciência de que poderia ser apenas a ponta do iceberg.
Ou seja, meu grande temor era de que um exame de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética, mostrasse metástases. E esse temor foi a única coisa que me deixou doente por uns 5 dias.
Meu sistema imune deprimiu. Cheguei a desenvolver, pela primeira vez na vida, uma foliculite, descoberta e tratada por nossa excelente dermatologista. Uma doença tipicamente causada por bactérias oportunistas.
Por isso, uma das notícias mais felizes de minha vida foi quando o laudo da TC disse não existir outro tumor (ao menos detectável pela técnica) além do já conhecido.
E aqui uma das principais razões para eu fazer esse post: algumas pessoas podem questionar, como alguém com tantos fatores de proteção teve um tumor desses?
Eis a importância de se entender Ciência. Estudos não são todos iguais. Quando estudos de associação, que são os mais habituais na epidemiologia (ex: coortes, caso-controle, transversais), encontram que tais fatores (variáveis) estão associados a menor chance de cânceres, não se deve interpretar que tais variáveis impedem a chance de desenvolver cânceres.
Um mantra científico bem conhecido diz: "association is not causation" (associação não é causa).
E a vida nos prega peças. Coincidentemente, meu mestrado foi exatamente investigando o efeito do exercício físico na carcinogênese colorretal, mas de ratos Wistars. Concluí em 2006.
E o que meu estudo (Lunz et al., 2008) mostrou foi que exercitar com intensidade moderada diminuía a chance de lesões pré-neoplásicas, mas não impedia totalmente.
E esse resultado, de um estudo experimental, converge com os estudos de associação.
E por que alguns fatores protegem, mas não impedem?
Provavelmente porque tanto os fatores causais quanto os fatores de prevenção dos cânceres são multifatoriais. As interações dessas múltiplas variáveis ainda não são modeláveis com precisão.
Há quem defenda que nenhum câncer seja exatamente igual ao outro, mesmo sendo na mesma pessoa. A coisa é muito complicada. Talvez um dia a ciência descubra tudo, mas ainda estamos longe.
Aliás, um artigo publicado em 2017 na revista Science concluiu que ~67% das mutações que levam aos cânceres são resultados de erros aleatórios durante a replicação do DNA (Tomasetti et al., 2017; clique aqui se quiser uma reportagem com linguagem simples).
Ou seja, sendo aleatório, não temos qualquer controle sobre isso. Não é culpa nem dos comportamentos da vítima, nem da genética de seus pais.
Mas, olhando para os resultados do meu e de muitos estudos, eu poderia reformular a pergunta: ‘será que se eu não tivesse tantos anos de exposição a fatores de proteção, eu não estaria agora diante de mais tumores no intestino?’. Ou, pior, com metástases pelo corpo?
Talvez eu tenha sido protegido em até 33%.
O que sei é que não se pode fazer interpretações simplistas. Raramente há resposta simples para um problema complexo. Diante de tudo isso, deixo algumas dicas nesse tópico:
- Não despreze sinais e sintomas: tive a sorte de um sangramento fecal insistente (vários dias), e, por isso, marquei uma consulta com meu coloproctologista.
Mas há alguns meses eu já percebia alguns desconfortos intestinais. Eu associava a mudanças induzidas pela idade. Eu poderia até ter ido um pouco antes. Sei que a colonoscopia identificou o tumor.
E a indicação mais comum para iniciar o rastreamento via colonoscopia é aos 45 anos. Se é seu caso, considere fazer. E se houver casos na família, deve-se iniciar antes.
Lembre-se: 2/3 dos cânceres podem ser aleatórios, e ninguém é tão imaculado para fugir desse acaso. Apenas 1/3 poderia depender de comportamentos e hereditariedade.
- Exame de imagem para descartar metástases. Meu gastroenterologista, indicado por um grande amigo, foi quem pediu a TC. Caso seu médico não peça, insista por uma TC ou ressonância, em especial no abdomem e tórax, que são os sítios mais comuns de metástases induzidas por câncer colorretal.
A ideia é estudar melhor o tumor e descartar outros tumores. É uma fase dura. O laudo pode demorar uns 5 dias. Nesses dias, como já disse, eu fiquei doente. Então, faça rapidamente o exame.
- Não duvide dos fatores de proteção: não faça interpretações simplistas como os tão presentes terraplanistas e antivacinas costumam fazer. O conhecimento produzido pela ciência é elaborado, e sua precisão aumenta com o acúmulo de conhecimentos.
Dizer, por exemplo, que germes não existem porque não se consegue vê-los a olho nu, conforme afirmou (em 2019) o atual secretário de defesa do presidente norte-americano, é uma potente idiotice.
(2) (Re)Programação psicológica - uma das melhores decisões da minha vida foi me dedicar mais as leituras das áreas de filosofia e psicologia.
Não só a elas, mas as destaco porque uma das coisas que mais tem me ajudado a lidar com situações duras como essas é exatamente um conhecimento que une filosofia e psicologia.
Alguns séculos antes de Cristo, os filósofos estoicos se debruçaram sobre uma questão que, hoje, milênios depois, tem lotado consultórios de psicologia. Trata-se da ‘ansiedade exagerada’.
A ansiedade excessiva realmente adoece qualquer um. As chamadas doenças psicossomáticas são uma realidade, porque a forma como pensamos afeta o organismo.
Certa vez fiz um post intitulado Sua mentalidade pode mudar sua fisiologia?, onde dá uma dimensão dessa integração ‘psico-soma’.
Na época do estoicismo, após muita reflexão, eles descobriram a causa da ansiedade. E, claro, uma vez sabendo-se a causa, fica mais fácil gerenciar as coisas.
E essa causa é tão simples, conhecida há milênios, que me assusta o fato da maioria das pessoas não saber.
A fonte de toda ansiedade está na nossa incapacidade de controlar um evento futuro. Por isso que muitos costumam dizer que a ansiedade é uma preocupação sobre algo que não existe. Afinal, está no incontrolável futuro.
Se analisarmos sob a ótica da lógica temporal, podemos afirmar corretamente que jamais temos controle sobre eventos futuros. Entretanto, há eventos futuros que intuitivamente interpretamos como 100% controláveis.
Por exemplo, eu sinto que posso daqui a alguns segundos ou minutos caminhar, sentar, deitar, levantar da cadeira, tomar um café ou um copo de água, etc. São eventos no futuro, mas intuitivamente sentimos que são controláveis.
O problema são os eventos que interpretamos e sentimos que não são controláveis. Eles é que causam ansiedade.
Você talvez fique ansioso devido à prova da disciplina de um dado professor ou professora. Mas se o/a professor/a lhe desse o gabarito vários dias antes da avaliação, você ficaria ansioso?
Antes de defender uma dissertação ou tese, você certamente ficará ansioso/a. Mas será que você ficaria ansioso/a se a banca julgadora já tivesse emitido sua nota e um certificado de aprovação antes da defesa?
Certamente não ficaria ansioso/a em relação à banca julgadora. Talvez ainda fique por não conseguir controlar o julgamento da plateia. Mas aí é outra coisa.
Acho que já me fiz claro. Os estoicos descobriram que a forma de não ficar ou pelo menos diminuir a ansiedade é focar apenas no que você tem controle.
E esse pensamento estoico serviu de base para uma terapia psicológica bem-sucedida, chamada de terapia cognitivo comportamental (TCC).
A diferença é que a TCC tem base empírica, com comprovação científica e, obviamente, foi melhorada a partir dos resultados acumulados dos estudos.
Mas é uma ideia muito similar: ‘foco naquilo que se tem controle, e desfoco daquilo que não se pode controlar’.
E num caso como o diagnóstico de um tumor, o que está no nosso controle?
Penso que estudar bem o assunto para tomar as melhores decisões (ex: qual a melhor cirurgia? Há 3 técnicas hoje), escolher a melhor equipe clínica e hospital possíveis, se preparar fisicamente para a cirurgia e para o pós-cirúrgico, entre outros.
Claro que sei que a maioria não tem o privilégio de um plano de saúde. Mas tenho um caso na família que, graças a um convênio do SUS com um hospital referência no Brasil em oncologia (Hospital Santa Rita – Vitória-ES), teve acesso a uma equipe e estrutura espetaculares. Há vários anos enfrentou dois tumores, e hoje está viva e saudável, perto dos 70 anos.
Aliás, os religiosos têm uma vantagem comparada a pessoas como eu (agnóstica), pois costumam entregar a Deus tudo aquilo que não está sob seu controle. E isso é algo muito positivo. Certamente diminui a ansiedade.
Sei que não adianta lamentar ou focar no que não temos controle, como, por exemplo, no tumor já estabelecido. Num mundo de incertezas, o poder que temos é escolher onde colocamos nossa atenção e esforço.
Óbvio que não é algo fácil, pois não se muda a mentalidade do dia para a noite. É um processo. É um treinamento. E não é infalível, tanto que, apesar do meu treinamento nisso, adoeci com o fato de não ter controle sobre o resultado da TC.
É como um filósofo (André Comte-Sponville) que gosto muito descreveu: ‘nenhum estoico normal ficará indiferente quando a incontrolável morte lhe retirar uma pessoa amada’.
Sinto que fui bem-sucedido em focar nas coisas controláveis. Tanto que consegui concluir meu período de aulas mantendo a mesma entrega e energia docente de sempre.
Concluí orientação de trabalho de conclusão de curso, participando da banca, como se eu não estivesse doente. Ninguém percebeu qualquer tristeza ou preocupação. A ansiedade não me dominou.
E nem estou preocupado se precisarei de quimioterapia. Essa decisão médica virá após análise laboratorial do tumor. Mas, se não tenho controle, não me cabe. Depois, dependendo da decisão, passo a me concentrar no que terei controle.
Alguns poucos estudantes, pelo acaso das conversas amistosas nos intervalos, ficaram sabendo do meu caso. E aproveito para agradecer carinhosamente a energia positiva e orações que me dedicaram. Também aproveito para agradecer a sensibilidade da minha chefia e coordenação imediata.
Por isso, a principal dica desse tópico é: ‘concentre-se em fazer o melhor possível em tudo que tenha controle, e evite ao máximo pensar no que não está sob seu controle’.
(3) Preparação para a cirurgia: quem me acompanha aqui no Blog sabe que eu faço e recomendo treinamento físico para estar mais preparado para situações atípicas, como essa que motivou este post.
Manter-se magro (obesidade aumenta o risco de insucesso da cirurgia), alimentar-se bem, não fumar, etc.
É principalmente por isso que me considero um ativista do aumento da força e da massa muscular. Ter mais força e mais massa muscular significa criar uma reserva para aumentar a chance de sucesso ao se enfrentar desafios como este.
Não esqueço o clássico estudo ‘Dallas Bed Rest and Training Study’, conduzido em 1966. Esse estudo mostrou que jovens de 20 anos, que ficaram apenas 20 dias acamados, tiveram perdas tão significativas do desempenho cardiovascular, que foram equivalentes as perdas de ~30 anos de envelhecimento natural.
No ano 2000 foi publicado um estudo com delineamento similar para avaliar o que ocorreria com a massa muscular durante 20 dias acamado (Kawakami et al., 2000). Viu-se perda média de ~10% de área de secção transversa (estimativa de massa muscular) de músculos do quadríceps nesses 20 dias. É muita coisa!
Tais estudos, e muitos outros, dão uma dimensão do efeito da imobilização que normalmente ocorre numa internação hospitalar.
Há clara associação entre perda de massa muscular e mortes. Sugere-se que o limite fisiológico de perda de massa muscular estaria entre 40% e 50%. Perder mais massa muscular que isso significa 'morte'.
A quimioterapia, por exemplo, é bastante agressiva à massa muscular. E quem mais perde massa muscular tem menos chance de sobreviver a um câncer (Blauwhoff-Buskermolen et al., 2016). O músculo é protetor e é o maior órgão do corpo (~40% do peso corporal).
Já fiz alguns posts falando da importância do aumento da massa muscular. No post Por que devemos aumentar a massa muscular? mostro como o músculo, via produção de miocinas, age em praticamente todos os órgãos do corpo.
No post O que EMAGRECE é o músculo, estúpido! mostro como o músculo gera resistência à obesidade.
E no post Musculação protege seu CORAÇÃO mostro como o treinamento de força, principal técnica para aumento da massa muscular, protege o coração.
Embora não esteja claro quanto dessa proteção se deva ao ganho de massa muscular, é um benefício que se obtém durante o processo.
Portanto, é preciso chegar numa cirurgia e eventual quimioterapia com reserva de capacidade física e de massa muscular.
É interessante que praticamente todos que souberam do meu caso manifestaram que eu me recuperaria muito bem porque eu era forte e jovem. Ser jovem ou não, é sorte. Mas ser forte e com reserva muscular é opcional.
Eu tenho a feliz sorte de ser casado com a Nutricionista Elaine C. Viana (Mestre e Doutora), que é certamente uma das mais competentes em Nutrição Clínica desse planeta. Possui quase duas décadas de experiência com pacientes de cirurgia bariátrica, que, como você sabe, sofrem grandes alterações gastrointestinais.
Adiciona-se à minha sorte o fato de sua sócia, Fernanda Semião, ter muita experiência com Nutrição Oncológica.
Ambas são sócias no Instituto Afficere, o qual sempre divulgo por aqui (veja e clique no banner abaixo).
Elas não precisam da minha divulgação. Divulgo espontaneamente porque acredito demais em suas competências, o que está totalmente alinhado ao interesse deste Blog, que é sempre ajudar seus leitores.
Graças a elas, uma semana antes da cirurgia, passei a ingerir uma suplementação específica para deixar o corpo totalmente nutrido. E, como contarei daqui a pouco, foi fundamental.
A propósito, voltei ao cirurgião três dias após minha alta hospitalar, e ele classificou minha recuperação como bem acima da expectativa. Não foi por acaso.
Então, por tudo que é mais sagrado: 'não renuncie a uma (ou um) competente Nutricionista se tiver que realizar uma cirurgia do aparelho gastrointestinal'. É loucura renunciar!
E tem que acionar já bem antes da cirurgia. Se precisar, faça contato com Elaine e Fernanda. Elas também atendem online.
Outra dica: mantenha-se mais recluso quando estiver com a data da cirurgia marcada, pois uma virose pode impedir que a cirurgia seja realizada. E quem tem um tumor, tem pressa de se afastar dele.
(4) Recuperação pós-cirúrgica - essa separação entre ‘preparação para a cirurgia’ e ‘recuperação pós-cirúrgica’ é mais didática que prática, pois estão completamente conectadas. A recuperação inicia-se na preparação.
Não tenho domínio do conhecimento clínico, mas, como paciente, senti que minha recuperação seria muito mais difícil sem as escolhas que fiz antes da cirurgia (e não me refiro só às escolhas de curto prazo).
Logo após a cirurgia, diferente da maioria dos pacientes, que tendem a ficar constipados, eu tive 48h de diarreia intensa, de basicamente água e sangue. Fiquei fraco. Perdi totalmente o apetite. Não ingeri praticamente nada nos três dias de internação hospitalar.
O que me ajudou a segurar a onda certamente foi a nutrição pré-cirúrgica. Além disso, o hospital foi um desastre no acompanhamento nutricional.
Esse acompanhamento nutricional pós-cirúrgico também é fundamental, porque a dieta precisa evoluir de líquida > pastosa > sólida. E, depois da alta hospitalar, precisa ser uma dieta mais laxativa, pois há um intestino costurado dentro do corpo.
Há ainda todo um cuidado por uma alimentação sem risco de infecção. Ou seja, não é de qualquer jeito. A coisa é muito séria.
Outra coisa que aconteceu, e que só fiquei sabendo dentro do olho do furacão, é que a anestesia raquidiana tende a impedir nossa capacidade de esvaziar a bexiga voluntariamente.
É algo desesperador. Você vai sentindo as dores que te fazem ir ao banheiro, e simplesmente não consegue esvaziar a bexiga. Aí é necessário fazer sondagem uretral, que, no meu caso, foi bem dolorido. Essa incapacidade durou aproximadamente 48h.
Assim como na preparação, mantenha-se mais recluso. Em caso de visitas, use máscara, pois uma virose que te faça espirrar pode colocar tudo a perder. Durante um espirro fazemos muita força abdominal, e isso pode romper os pontos cirúrgicos.
O mesmo cuidado vale para os vômitos, pois cada vômito é um risco às suturas (pontos). Então, tome remédios antieméticos até se sentir confiante.
(5) Rede de apoio - sempre dei mais valor às qualidades de minhas relações que à quantidade. Numa época em que engajamento e número de seguidores em redes sociais parecem certificadores do nosso valor humano, esse conselho de focar mais na qualidade se torna ainda mais importante.
Familiares mais próximos e amigos/as valorosos/as é que estarão com você nesse momento.
São eles/elas que entregam o precioso tempo da vida deles/as para pernoitar com você no hospital, para cuidar de seus filhos enquanto está hospitalizado e, tão ou mais importante, deixarão claro que você é valioso e que sua presença é muito querida.
Isso nos fortalece muito. Que sentido teria viver sem a sensação de que temos algum valor?
Me lembro do Prof. Cortela falando algo sobre o luto que se aplica aqui. Disse ele que a gente não se conforma quando perde alguém amado, mas o abraço fraterno das pessoas queridas nos conforta (dar força). A gente não se conforma em ter um tumor no corpo, mas podemos ser confortados.
E deixo este post público também em homenagem a tanta gente que me ajudou diretamente, ou ofereceu ajuda e me confortou.
Torço que meus leitores não precisem passar por isso, mas, para o caso de um revés, terei prazer em indicar os excelentes profissionais que me ajudaram aqui em Vitória-ES. Basta fazer contato comigo.
Então, amiga e amigo, é isso... Obrigado por ler até aqui. E se você gostou, compartilhe com colegas e amigos/as ou em suas redes sociais. E quem quiser receber as novas postagens deste Blog, basta clicar aqui para se inscrever na Newsletter.
Lembrando que, por ora, escrevo mais sobre hipertrofia muscular. Este post de hoje é um 'post fora da curva'.
Lunz, W. Câncer intestinal: relato do meu próprio caso. Ano: 2025. Link: https://www.wellingtonlunz.com.br/post/superando-o-cancer-de-intestino [Acessado em __.__.____].
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Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. Tem se dedicado em transmitir conhecimentos baseados em evidências em diferentes áreas do conhecimento (ex: hipertrofia muscular, treinamento de força, musculação, fisiologia do exercício, flexibilidade). É bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Ciência da Nutrição e Doutor em Ciências Fisiológicas. Atualmente é Professor Associado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Contato pelo site ou e-mail: welunz@gmail.com.br
😲🤯
É admirável a sua história! Como o amigo disse abaixo: "sempre com muita consciência e conhecimento". Seu relato é importante para alertar e conscientizar muita gente! Desejo a você e sua família muita saúde sempre! Torcendo por sua plena recuperação o quanto antes! 👏
Grande depoimento, nobre amigo. E como sempre com muita consciência e conhecimento.
É um aprendizado ser seu amigo, meu caro. Muita saúde.
Professor, desejo a você melhoras , logo logo você está mais forte do que antes . Um grande abraço- Paulo Valandro-