Fibromialgia: Como tratar?
- Blog Prof. Wellington Lunz

- 18 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de nov.
Resumo: de uma infinidade de tratamentos, o exercício físico (aeróbio e força) é a única terapia com forte recomendação para a fibromialgia, conforme as sólidas diretrizes da European League Against Rheumatism (EULAR). Saiba quais são as recomendações de exercício nesse post.

Prof. Dr. Wellington Lunz - Universidade Federal do Espírito Santo
Já começo com a conclusão do post: exercício físico é a única terapia com forte recomendação para o tratamento da fibromialgia.
O European League Against Rheumatism (Liga Europeia contra o Reumatismo) publicou uma recomendação bastante sólida sobre o assunto. Usaram o sistema GRADE para gerar as recomendações.
Resumidamente, esse sistema responde a duas questões fundamentais:
(1) Essa terapia deve ser ‘recomendada’ ou ‘não deve ser recomendada’?
(2) Qual a força dessa recomendação: fraca ou forte?
Portanto, há 4 resultados possíveis: recomendação fraca; recomendação forte; não recomendação fraca; não recomendação forte
Essas recomendações não são, obviamente, aleatórias, mas sim dependentes de muitas coisas, como: eficácia, magnitude do efeito, adesão, custos, efeitos colaterais, entre outros.
E o que mais chama a atenção no documento é que, de uma INFINIDADE de terapias farmacológicas e não farmacológicas, APENAS o exercício físico (aeróbio e força) recebeu o status de FORTE RECOMENDAÇÃO.
Outras terapias físicas, como Ioga, Tai Chi, Acupuntura, Hidroterapia, etc., tiveram recomendação fraca... A 'massagem', que eu particularmente acreditava ser interessante, não teve recomendação favorável.
O exercício físico reduz dor de maneira igual ou superior a vários fármacos (igual ou >30%), mas com a vantagem de promover benefícios relacionados as funções físicas e bem-estar geral. Além disso, é barato e seguro.
A propósito, como escrevo mais sobre treinamento de força e hipertrofia, há vários outros posts aqui no meu blog mostrando que o treinamento de força melhora a saúde cardiovascular (veja aqui e aqui), protege contra mortalidade, protege contra a obesidade, entre outras coisas. Alguns desses efeitos estão associados ao aumento da massa muscular.
Mas voltando a fibromialgia, a RECOMENDAÇÃO é exercício AERÓBIO por ≥20 min, uma vez ao dia (ou 2 vezes ao dia, com ≥10), 2 a 3 dias por semana.
E TREINAMENTO DE FORÇA com ≥ 8 repetições por exercício (ou seja, significa que não é com alta intensidade), 2 a 3 vezes por semana.
Considerando os estudos já publicados (o que pode mudar no futuro), os efeitos do aeróbio e força são similares. Além disso, exercício terrestre e na água parecem igualmente eficazes.
IMPORTANTE: No início, pessoas com fibromialgia podem apresentar prejuízo dos sintomas induzido pelo treinamento. Mas a tendência é que os benefícios surjam com o passar dos dias.
Considerando isso, é IMPORTANTE destacar que não é razoável começar com a infundada fórmula "mágica" de '3 séries de 10 reps'.
Vá devagar para melhor compreender as repercussões do exercício de força no corpo da pessoa com fibromialgia, de modo a não piorar o quadro!
Aproveitando que citei o sistema GRADE de julgamento, destaco que para se navegar corretamente no conhecimento científico, e superar visões fragmentadas e frequentemente mal intencionadas, é imperativo que profissionais e estudantes da área da saúde se emancipem no julgamento de estudos científicos.
Foi para contribuir nisso que escrevi o livro ‘Tomada de Decisão Baseada em Evidência: como julgar o nível de confiança e o grau de recomendação de artigos científicos na área das ciências da saúde'.
O livro oferece um sistema estruturado e didático, com:

Modelo de Julgamento Objetivo: um sistema de notas (0 a 100%) em paralelo a um sistema qualitativo (muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto), que permite julgar a qualidade da evidência objetivamente, mitigando a subjetividade, sem a eliminar os aspectos subjetivos necessários.
Separação Estruturada: o livro oferece um framework claro para avaliar o Nível de Evidência com base em 13 quesitos metodológicos, e o Grau de Recomendação com base em 9 quesitos formais.
Ferramenta Prática (Checklist/Planilha): O conteúdo está associado a uma planilha que orienta no julgamento da qualidade da evidência e na força da recomendação (ainda serve como checklist).
E se quiser ver o uso prático, passo a passo, da aplicação do meu livro, acesse o post: Polilaminina: NÃO há Evidência de Cura de Paraplégicos ou Tetraplégicos
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Até o próximo post!

Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. É Bacharel e Licenciado em educação física, Mestre em Nutrição e Doutor em Fisiologia. É Professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) desde 2009.




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