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PERIODIZAÇÃO do Treinamento de Força e Hipertrofia: Qual é o Melhor Modelo?

  • Foto do escritor: Blog Prof. Wellington Lunz
    Blog Prof. Wellington Lunz
  • 7 de nov. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: há 4 dias

Resumo: periodização tem a ver com dividir o tempo em fases — usado inicialmente no esporte pelo fisiologista russo Leo Matveyev. Seu método dividia o ano em fase preparatória, competitiva e de transição, com ajustes graduais de volume e intensidade. Esse modelo foi a base do sucesso da União Soviética em Jogos Olímpicos, inspirando cientistas de todo o mundo. No entanto, passou a ser criticado por não atender modalidades com calendário competitivo prolongado. A partir disso surgiram novos modelos, como os de Issurin, Verkhoshansky, Stone et al. e Poliquin (década de 1980), que estruturaram fases de hipertrofia, força, potência e repouso ativo. 


periodização treino treinamento

Autor: Prof. Dr. Leonardo Carvalho Caldas


Essa postagem será dividida em duas, para que possamos explorar um pouco mais esse conceito tão debatido nas ciências do desporto. A parte 2 está aqui.

A forma de descrever uma porção ou divisão do tempo é chamada de ‘período’, e é de onde se originou o termo ‘periodização’.

Esse termo é muito usado em outras áreas, como a História, para dividir as fases ou períodos específicos (Idade da Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Idade média) (Bompa e Buzzichelli, 2019).

A propósito, fica o convite para você depois conhecer a história associada a hipertrofia muscular, contada pelo Prof. Dr. Wellington Lunz.

Na área das ciências do esporte o termo periodização foi utilizado pelo fisiologista Russo Leo Matveyev, que desenvolveu um modelo de treinamento baseado nas práticas de preparação dos atletas russos na primeira participação da União Soviética nas Olimpíadas de 1952.

Em seu livro “The Problem of Periodization of Sport Training”, que foi publicado apenas em 1964 no idioma russo, Matveyev propôs um modelo de programa de treinamento periodizado que separava o ano de treinamento em diferentes fases e ciclos (Issurin, 2016).

A periodização do treinamento dividia o ano em três fases distintas: fase preparatória, fase competitiva e fase de transição.

Cada fase do treinamento estava destinada a uma mudança de volume e intensidade.

Na fase preparatória a ênfase era dada ao volume, objetivando desenvolver a capacidade aeróbica geral, resistência muscular, coordenação geral e preparação técnico-tática geral.

Nas fases pré-competitiva e competitiva a ênfase era dada sobre a intensidade com reduções do volume, o treinamento era direcionado para exercícios específicos do esporte com exercícios de força/potência e técnico-táticas específicas (Issurin, 2010; Ratamess, 2012).


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Os princípios do treinamento periodizado não eram comumente vistos na América do Norte durante a primeira metade do século XX.

Por sua vez, a União Soviética havia se tornado uma potência Olímpica, o que foi principalmente atribuído a essa forma de planejamento do treinamento.

Considerando desde sua primeira participação (em 1952) até a sua dissolução (em 1991), das 9 participações (...e um boicote em 1984) da União Soviética, ela foi por 6 vezes seguidas o país com maior número de medalhas em jogos olímpicos.

Portanto, foi considerada uma referência na preparação de atletas esportivos (Wikipedia, [s.d.]).

Esse sucesso levou cientistas e treinadores dos Estados Unidos a estudarem os métodos de treinamento do Leste Europeu e a desenvolverem modelos baseados no trabalho de Matveyev e seus predecessores (Issurin, 2016).

Mais tarde, principalmente nas últimas décadas, esse modelo de periodização passou a receber várias críticas por não contemplar modalidades esportivas que tinham o calendário competitivo prolongado, e que exigia alto desempenho esportivo ao longo do ano.

Esse modelo também era inadequado para atletas de elite, pois, devido a longa fase de preparação geral, prejudicava a aplicação de carga específica, fundamental para o desenvolvimento do desempenho de atletas de elite (Issurin, 2010).

Neste contexto, modelos alternativos de periodização foram elaborados para tentar solucionar os problemas da 'periodização tradicional' de Matveyev.

Na década de 80 surgiram o modelo de periodização em bloco multidirecionais, do Dr. Vladimir B. Issurin, e a proposta de periodização em bloco unidirecional com cargas concentradas, do Dr. Yuri Verkhoshansky (Issurin, 2008).

Durante a década de 1990, além dos Russos (ex: Matveyev, Ozolin e Verkhoshansky, Issurin), Alemães (ex: D. Harre), Húngaros (ex: Nádori), Ucranianos (ex: V. Platonov), Americanos (ex: Stone, Kraemer, Fleck, O'Brian) e cientistas do esporte Romeno/Canadenses (ex: T. Bompa) publicaram vários livros sobre periodização do treinamento (Bompa e Buzzichelli, 2019).

Stone et al. (1982), por exemplo, baseando-se no modelo de periodização de Matveyev, desenvolveram um modelo de treinamento periodizado para o treinamento de força que se tornou bastante popular na área do treinamento de força devido à forma de progressão das variáveis volume e intensidade, que incluía 4 fases distintas:

> Fase de Hipertrofia/Endurance – treinos com alto volume e baixa intensidade.

> Fase de Força básica – treinos com moderado volume e alta intensidade.

> Fase de Força/potência – treinos de baixo volume e alta intensidade

> Fase de Repouso ativo – treinos de baixo volume e baixa intensidade.

Fleck (2011) caracterizou a periodização de Matveyev como tradicional ou clássica/linear, embora na proposta original de Matveyev essa progressão das variáveis volume e intensidade não era completamente linear (Issurin, 2010; Willams et al., 2017).

No final da década de 1980 surgiu outro modelo de periodização que foi muito bem recebido pela comunidade de treinadores. Mas esse modelo, proposto por Poliquin (1988) e denominado de 'periodização ondulatória', está no segundo post (aqui).

Também apresentamos nela alguns resultados de uma metanálise que conduzimos, a qual envolve esse último modelo.

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E se você quiser ver o uso prático, passo a passo, da aplicação do livro, acesse o post: Polilaminina: NÃO há Evidência de Cura de Paraplégicos ou Tetraplégicos.

E para mais posts, acesse https://www.wellingtonlunz.com.br/blog. Você também pode se inscrever na Newsletter para receber novos posts.

Até o próximo post!


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Leonardo Carvalho Caldas é Graduado, Mestre e Doutor em Educação Física pela UFES.


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